sábado, 2 de julho de 2011

Rom, o Cavaleiro do Espaço, por Jim Rugg

A imagem abaixo é de autoria de Jim Rugg. Jim é um cartunista e ilustrador estadunidense, conhecido por evocar a linguagem e cultura dos anos 70 em seus trabalhos. Entre suas obras, destaca-se Street Angel, uma sátira de quadrinhos de super-heróis da Era de Ouro.


Jim retrata Rom no centro de Clairton, reproduzindo a cena de sua chegada à cidade na primeira edição da revista Rom Spaceknight. Nela, Sal Buscema mostrava como o alienígena pousou na pequena cidade de West Virginia e chamou a atenção dos moradores. A princípio, todos ficaram espantados, esperando para ver o que iria acontecer. As pessoas pensavam que se tratava de um robô. Alguns já o chamavam de monstro. 

Na ilustração de Jim, parece que não há ninguém ao redor de Rom. Na verdade há. Se você aumentar a imagem, perceberá que há pessoas nas calçadas, mas bem distantes do Cavaleiro Espacial.

Isso nos faz refletir sobre várias coisas, como o medo do desconhecido. e o preconceito. 

Rom não chegou atirando (bem, ele atira depois, mas é nos Espectros). Por que ninguém se aproximou pacificamente perguntando quem ele era e o que queria? Sem saber de quem se tratava, já o chamaram de monstro. Julgaram-no por sua aparência, por ser diferente.

Rom deixou seu planeta e se lançou em uma perseguição solitária, por mais de duzentos anos. Enquanto os terráqueos massacravam uns aos outros em sucessivas guerras movidos por ganância, Rom libertava mundos da opressão dos Espectros, sem esperar nada em troca.

Longe de casa, longe dos amigos e mais longe ainda da mulher que amava, ele se achou no meio de um mundo onde as pessoas que veio salvar o perseguiam e atacavam. Ao contrário do Hulk, ele não chegava esmagando, embora o Hulk não tivesse intenção de machucar ninguém, apenas reagia.

É oportuno falar sobre o Hulk, pra discutir essa questão de preconceito. Em uma de suas aventuras, na fase de Bill Mantlo e Sal Buscema, o doutor Bruce Banner vai parar em Israel. Lá ele vê um órfão palestino ser morto em um atentado a bomba executado por extremistas islâmicos. Isso faz com que ele se transforme no Gigante Verde. A polícia de Israel ataca o Hulk, acusando-o de estar do lado dos terroristas. E para enfrentá-lo surge a super-heroína de Israel: Sabra.

Após uma grande batalha, o Hulk foge para o deserto, com o corpo do menino. Sabra o persegue e o acusa de ter matado o garoto. O Hulk responde que o menino morreu porque os "homenzinhos" só querem brigar por terra. Ele mostra que os verdadeiros monstros são os homens, tantos israelenses quanto palestinos, que em vez de conviver pacificamente, matam inocentes dos dois lados por terra.

Uma raça de seres que consome a si mesma tem autoridade para chamar um alienígena desconhecido de monstro?

A discussão sobre a mútua exclusividade de aparência e essência é algo tratado em várias obras de literatura, como O Corcunda de Notre Dame, de Victor Hugo, e no conto da Bela e a Fera, dos irmãos Grimm.

No primeiro livro de Samuel, no capítulo 16, verso 7, o mesmo Deus de judeus, cristão e muçulmanos, diz o que realmente importa para ele:

Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o SENHOR não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração.

Precisamos aprender a enxergar além do alcance de nossa visão.

Palmas para Jim Rugg!

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